Apesar dos riscos, operadores de cruzeiros de luxo estão investindo muito dinheiro em aventuras submarinas

Com o interesse dos clientes em excursões subaquáticas aumentando, as empresas de cruzeiros estão gastando até US$ 4,4 milhões por submarino para oferecer aventura.

Descendo pela escotilha, Chip Barker sentou-se no submersível Scenic Neptune II. Ele estava a bordo do Scenic Eclipse II navegando no Pacífico Sul quando teve a oportunidade de mergulhar no novo submersível do navio. Barker ficou apreensivo no início, mas ficou impressionado com a experiência, onde viu peixes tropicais como peixes-papagaio e garoupas, enguias, formações de corais e uma variedade de tons de azul com roxos, laranjas e amarelos.

“Eu realmente gostei — não queria que acabasse”, diz Barker. “E quando acabou, eu disse que faria de novo.”

Para Barker, a melhor parte foi experimentar a tecnologia avançada. “Foi quase como ir em uma nave espacial”, ele diz.

Mergulhar na Groenlândia oferece vistas sobrenaturais de um mundo raramente visto.

Embora os cruzeiros de expedição de luxo não possam levar os hóspedes ao espaço — ainda — eles podem explorar a última fronteira da Terra: o oceano. O submersível Scenic Neptune II que Barker explorou é apenas o mais recente de uma série de excursões submersíveis e submarinas oferecidas por operadores de navios de cruzeiro de luxo , incluindo Scenic, Seabourn e Viking. Esses submersíveis ou submarinos (termos que a indústria costuma usar de forma intercambiável) podem levar pequenos grupos de seis a oito hóspedes a um máximo de 100 a 300 metros abaixo da superfície do oceano em mergulhos que normalmente duram de 30 a 45 minutos. As excursões subaquáticas provaram ser tão populares que Antony Gilbert, gerente de operações submarinas e piloto-chefe da Viking, diz que alguns hóspedes até reservam duas vezes na mesma viagem se houver disponibilidade. As viagens começam em US$ 499 por pessoa — uma gota no oceano, considerando que um submarino U-Boat Worx, como os que a Viking tem a bordo do Viking Octantis e do Viking Polaris, é vendido por aproximadamente US$ 4,4 milhões.

“Você pode literalmente ir ao mesmo local de mergulho duas, três, quatro vezes, e cada vez é uma experiência diferente”, diz Gilbert. “Está sempre mudando.”

Ainda assim, a memória do desastre do submersível Titan de junho de 2023 paira sobre nós. Os operadores de submersíveis de cruzeiro estão, portanto, ansiosos para apontar as vastas diferenças entre o Titan — que estava tentando ver destroços a 12.500 pés de profundidade no fundo do oceano — e as expedições turísticas que eles oferecem.

O vice-presidente e gerente geral de expedições da Seabourn, Robin West, estava a bordo de um dos navios de sua empresa na Groenlândia no dia em que as pessoas ao redor do mundo souberam que o Titan havia implodido. West diz que sua equipe levou 40 convidados em submersíveis naquele dia e ninguém pareceu preocupado ou expressou preocupações sobre segurança. O custo do mergulho com a Seabourn varia de US$ 500 a US$ 1.000 por pessoa.

Seabourn diz que os turistas reconhecem que esses mergulhos de lazer são muito menos arriscados do que uma viagem ao Titanic.

“Acho que, como os hóspedes não sabem muito sobre submarinos, eles tinham muitas perguntas e definitivamente fizeram algumas perguntas”, diz West. “Mas acho que muitos dos nossos hóspedes percebem que ir ver o Titanic, comparado ao que estamos fazendo, seria como comparar voos de companhias aéreas comerciais entre Paris e Londres a tentar chegar a Marte em uma nave espacial.”

Cada submersível é operado por um piloto treinado, e as empresas inspecionam e recertificam os submarinos regularmente. A bordo, uma série de sistemas e redundâncias focam na segurança, incluindo coisas como sistemas de suporte de vida que mantêm as pessoas vivas por dias, um "interruptor de homem morto" que levanta automaticamente o submersível, drones ROV que podem conectar cabos para rebocar um submarino se necessário, ou usar um braço de ferramenta de corte para liberá-lo se ele ficar preso.

“Quando realmente explicamos tudo isso aos visitantes, não há mais medo e isso nunca os impede”, diz Jason Flesher, Diretor de Operações de Descoberta da Scenic.

Os destinos variam muito com base na empresa e na estação e podem incluir lugares como a Antártida, destinos árticos na Groenlândia e Canadá, o Pacífico Sul e até mesmo os Grandes Lagos. Alguns locais podem oferecer oportunidades de ver coisas como naufrágios, enquanto muitos veem pequenos animais selvagens sob a água. Dependendo de onde estão explorando, os hóspedes geralmente veem criaturas subaquáticas menores, como krill antártico, corais, estrelas do mar, estrelas quebradiças, ouriços-do-mar, peixes ou até mesmo caranguejos, mas ocasionalmente alguns veem animais selvagens maiores, como pinguins ou até focas.

“Certa vez, estávamos a 60 metros de profundidade e uma foca-leopardo seguiu o submarino para baixo”, diz Flesher sobre um mergulho.

Avistamentos raros em excursões turísticas incluem águas-vivas fantasmas gigantes.

Outro avistamento notável foi uma água-viva fantasma gigante avistada pela Equipe de Expedição da Viking. A descoberta foi publicada no periódico científico Polar Research em 2023. Na verdade, mergulhos submersíveis de prazer frequentemente contribuem para a pesquisa científica ao registrar fotografias e vídeos de áreas subaquáticas raramente percorridas — e das criaturas que eles observam.

“A natureza da expedição é explorar”, diz West. “Acho que isso realmente está no cerne do que é uma experiência de expedição… Estamos explorando, educando e mostrando aos nossos hóspedes partes do mundo que nenhum ser humano jamais viu.”

Como a exploração submarina oferece aos visitantes uma maneira de visitar o mundo subaquático, West compara a viagem subaquática à sua contraparte extraterrestre.

“É como uma nave espacial”, diz West. “[Quando] você está descendo e vê o chão subindo lentamente, e vê os corais moles, esponjas e polvos chegando até você, é como pousar na lua... Acho que é a única coisa com a qual isso pode ser comparado — como pousar em um planeta estrangeiro.”

Reportagem original: Despite Risks, Luxury Cruise Operators Are Sinking Big Money Into Submarine Adventures