Conheça os vinhos que são verdadeiras joias do sul

De Mendonza e Puente Alto, no Chile, três rótulos para provar a nova tendência.

Adrianna Vineyard Sunlight IntensityA proximidade com as montanhas dos Andes proporciona um clima e condições de solo únicas. 

ADRIANNA VINEYARD
MUNDUS BACILLUS TERRAE 2021
DA VINÍCOLA CATENA ZAPATA

Localizado em Gualtallary, um dos terroirs mais valorizados ao sul de Mendoza, o vinhedo Adrianna é uma das joias da coroa de Nicolás Catena. É nas suas vinhas, cultivadas a mais de 1.500 metros do nível do mar, que nas- cem alguns de seus melhores vinhos. Um deles é o Mundus Ba- cillus, um 100% malbec de características únicas, e que vem conquistando altíssimas pontuações da crítica especializada. Sua safra de 2021, por exemplo, recebeu 100 pontos (nota máxima) do guia Descorchados. Detalhe: foi o primeiro ano que seu enólogo, Alejandro Vigil, decidiu elaborar o vinho sem estágio em qualquer tipo de carvalho. “Foi um ano fresco, que vinifiquei a malbec com os cachos intei- ros, com muita concentração de taninos”, afirma Vigil para a Robb Report. Mas isso não quer dizer que o vinho não terá passagem por barricas de carvalho em safras futuras. Optamos por vinificar com engaço. “Gosto do vinho que tenha textura, que se sinta a sua mineralidade, que reflita a paisagem”, afirma ele. Vigil foge daqueles rótulos ape- nas potentes e nos quais as suas notas frutadas não revelem sua origem. E apresenta tintos complexos, minerais e únicos. 

(a garrafa de 2017 é vendida por R$ 3.120, na Mistral)


IMG_1738A vinícola Almaviva foi reformada e pode ser visitada com agendamento prévio.

ALMAVIVA 2021
DA VINÍCOLA ALMAVIVA

O Almaviva é um dos ícones chilenos. Nasceu de uma joint venture entre os franceses do Château Mouton Rothschild, então liderado pela baronesa Philippine de Rothschild, com a vinícola Concha y Toro. A ideia era elaborar um tinto chileno com a alma francesa. Seus vinhe- dos têm localização privilegiada, em Puente Alto, considerado um dos melhores terroirs para a cabernet sauvignon no Chile. Michel Friou, enólogo respon- sável por trazer elegância ao vinho, assumiu a vinícola em 2007 (a primeira safra do Alma- viva foi em 1996) e está sempre atento ao vinhedo e à vinícola – a Almaviva, aliás, foi reformada e desde o início deste ano está aberta para o turista, com agen- damento prévio. Friou conta que vem reduzindo o uso de barricas novas. Em 2003, por exemplo, o tinto só envelhecia nestas novas e, em geral de tostas mais fortes. A safra de 2021 tem 75% de tonéis novos e 25% de cascos utilizados uma vez, enquanto na de 2022 essa porcentagem é de 70% a 30%. Há uma preocupação, também, com o teor alcoólico, mas Friou explica que isso se deve mais às condições climáticas de cada ano. “Nosso terroir é nosso primeiro e melhor cuidador para evitar a sobremadurez e manter o fres- cor e a elegância”, afirma ele.

(a garrafa 2020 é vendida por R$ 3.490, na World Wine)


14. Zuccardi Valle de UcoA paisagem da vinícola Piedra Infinita é quase árida.

PIEDRA INFINITA
SUPERCAL 2021

A vinícola Piedra Infinita, ao sul de Mendoza, tem seu nome inspi- rado na poesia do artista argentino Jorge Ramponi e também na quantidade, quase infinita, de pedras que marcam a sua paisagem. São pedras que moldam seu terroir e que definem o perfil único dos seus vinhos. E essa paisagem é tão marcante que o enólogo Sebastian Zuccardi, da segunda geração de produtores de vinho, decidiu abrir mão das barri- cas de carvalho na elaboração dos seus vinhos, para melhor valorizá-la. “Fazemos vinhos que falem do ter- roir. Por isso utilizamos os tanques de concreto, que não aportam novos sabores ao vinho”, afirma. O resultado tem dado certo: o Piedra Infinita Supercal 2021 acabou de receber 100 pontos do crítico inglês Tim Atkin, e foi o único vinho argentino a ter a nota máxima. Zuccardi defende que as barricas de carvalho são mais porosas do que o concreto e, por isso permitem uma maior micro- oxigenação da malbec, o que é pre- judicial ao seu amadurecimento. “Os malbecs argentinos eram muito concentrados e com muita sensação de doçura. Acreditamos que os vinhos devem ser puros, com textura”, defende ele.

(vinho atualmente sem estoque no Brasil, mas o Piedra Infinita Paraje Altamira 2018 é vendido por R$ 1.999, na Grand Cru)